quinta-feira, 4 de março de 2010

Muitos modelos, uma decisão


Reportagem veiculada na Revista Consciência, excelente publicação de Jornalismo Cientifico da UNICAMP, nos motiva ao debate – fundamental – sobre modelo de educação e ensino.

Há diversas tendências de modelos de educação a serem analisadas. A única certeza é que a forma tradicional, hoje estabelecida, está defasada.

Este será um importante tema do setor educacional para este ano e precisa ser amadurecido para que sejam encaminhadas propostas definitivas ao ensino público.
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http://www.comciencia.br/comciencia/?section=3&noticia=609

Congresso na USP discute aprendizagem baseada em problemas

Olhos atentos ao professor, livros e cadernos abertos, aulas expositivas, carteiras alinhadas, pouca interação e participação. O modelo tradicional de educação está em xeque e já é considerado obsoleto por alguns especialistas. E, de acordo com professor Ulisses Araújo, presidente do Comitê Executivo do Congresso Internacional PBL 2010 “Aprendizagem baseada em problemas e metodologias ativas de aprendizagem - conectando pessoas, ideias e comunidades”, evento que aconteceu entre os dias 9 e 11 de fevereiro na Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP, a discussão está aquecida e é internacional. O congresso, que reuniu especialistas do Brasil e de outros países, discutiu a mudança de paradigma na relação com o conhecimento na universidade e na educação de uma maneira geral.

A proposta é inspirada em uma metodologia de ensino conhecida como Aprendizagem Baseada em Problemas (ou PBL, na sigla em inglês). Mais que um método, a PBL consiste em uma concepção diferenciada da relação entre ensino e aprendizagem. Isso significa que o aluno não será mais agente passivo nessa relação. Será agente ativo e tenderá a desenvolver uma situação de autonomia no aprendizado.

Um dos especialistas da área, professor da Universidade de Aalborg, na Dinamarca, Egon Moesby, falou no primeiro dia das apresentações sobre a importância da aliança entre pesquisa e prática nas universidades. Responsável por um dos centros de referência mundial em PBL, Moesy detalhou sobre a experiência em ter o problema como ponto de partida para a aprendizagem. Destacou, também, a importância da multidisciplinaridade nessa metodologia ativa de aprendizagem. “As respostas para as pesquisas não serão mais encontradas nas profissões”, destacou.

Ele acredita que projetos com temas comuns na universidade devam se fundir para desenvolver habilidades interdisciplinares e ampliar a capacidade de solucionar conflitos. Uma alternativa, já testada na universidade de Aalborg, é a ligação entre o curso e o projeto. “A disciplina se transforma em conteúdo prático no projeto desenvolvido a partir de um problema real”, diz. Na Universidade de Aalborg, os alunos têm 50% de aulas e os outros 50% do tempo devem ser dedicados ao projeto. A instituição tem um envolvimento direto com as corporações e os alunos assinam um termo de compromisso para que as discussões se limitem apenas ao ambiente universitário. Esse modelo, para Moesby, permite uma troca de conhecimento em um nível elevado, beneficia a aprendizagem e reduz as taxas de desistência.

Novas tecnologias
O ensino baseado em novas tecnologias - semipresencial e a distância - tem ligação direta com a proposta do PBL. Ambos têm como característica a prática e a autonomia do aluno. Sobre isso falou o Secretário de Ensino Superior de São Paulo, Carlos Vogt, na conferência “Novas fronteiras de espaço e tempo no ensino superior público paulista”. Vogt abordou o principal programa da sua Secretaria: a Universidade Virtual do Estado de São Paulo (Univesp). Com início previsto para 1º de março, a primeira turma do curso semipresencial de pedagogia Univesp/Unesp ofertou 1.350 vagas no estado de São Paulo. O curso, direcionado a professores em exercício, aumentou em 21% a oferta de vagas de graduação da Unesp, num vestibular que teve 7.987 inscritos e 5,9 candidatos por vaga (número quatro vezes maior do que a média nacional de procura por pedagogia, que é 1,3 candidato/vaga). De acordo com Vogt, a demanda é justificável pela forma de oferta do curso, que flexibiliza a possibilidade de estudos sem alterar a relação dos estudantes entre si.

O uso intensivo das novas tecnologias já é visível. Vogt faz uma comparação entre as gerações que tiveram que aprender a lidar com a tecnologia e as que já nasceram nesse contexto. “Eu preciso pensar para fazer algo no computador, enquanto a minha neta age automaticamente”, diz, ao enfatizar que as universidades devem se render e aliar o ensino com as novas tecnologias.

O evento na USP contou, ainda, com oficinas desenvolvidas por estrangeiros e brasileiros, 500 participantes e 400 trabalhos de pesquisas com apresentação oral. Para o presidente do comitê executivo, Ulisses Araújo, a iniciativa amplia o movimento do PBL no Brasil e permite que diferentes países mostrem suas experiências e estabeleçam vínculos de contato
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